Época de eleições, principalmente para Presidente da República e Parlamento Federal, deveria ser momento de discussão dos rumos econômicos do país, especialmente quando estamos em crise. Mas não, estamos discutindo, quase que somente, questões morais. Não que elas não sejam importantes, são. Entretanto o discurso moralista interessa fundamentalmente às classes dominantes possuidoras dos meios de manipulação e justiçamento e, com isso, conseguem aplicar o velho jargão: “aos inimigos, os rigores da lei; aos amigos, os benefícios da lei”. Então a mesma lei que serve para prender Fulano, não serve para prender Sicrano, embora o crime de Sicrano seja o mesmo ou até pior do que o de Fulano.
Nós trabalhadores, não podemos cair na manipulação das classes dominantes. Nós precisamos discutir é: qual candidato se posiciona ao lado dos trabalhadores (as) e qual defende os interesses do empresariado, nacional e internacional; quem tem condições de gerar mais e melhores empregos; quem é contra e quem é favorável à expansão dos serviços públicos (lembrando que sem serviços públicos, não existe emprego público e nem servidor público); quem vai fortalecer as empresas públicas e quem vai terceirizar ou privatizar; quem tem disposição de negociar Acordos Coletivos e quem é contra sindicatos e negociações; com qual candidato podemos ter mais direitos e qual candidato é favorável à retirada de direitos dos trabalhadores (as), etc.
Esse debate eles não querem, pois, a máscara cairia rapidamente. Reafirmo, os outros debates são importantes, mas, para nós trabalhadores e trabalhadoras, não existe debate mais importante do que o NOSSO TRABALHO: nossos salários: com quem podem melhorar e com quem podem perder poder de compra; nossa jornada e condições de trabalho, etc. Temos que trazer o trabalho para o centro do debate, agora e depois das eleições, pois os liberais usam a tática de trocar esse debate pelo da moralidade, com finalidade de suprimir, mais facilmente, nossos direitos.
Nenhum direito a menos! Vamos refletir.
Os empresários só votam neles mesmos ou nos seus porta-vozes, e nós trabalhadores vamos votar em quem?
Por Valter Cezar Dias (servidor público, diretor da Condsef/Fenadsef e do Sindsep-MA)