Enquanto o Congresso cobra do Executivo corte de gastos com programas sociais e pressionam por reforma administrativa, deputados e senadores criam mais 18 vagas na Câmara federal.
Em mais uma manobra corporativista que mostra a hipocrisia do Congresso em relação ao tão falado corte de gastos, a Câmara dos Deputados aprovou projeto que aumenta de 513 para 531 o número de deputados federais.
O Supremo Tribunal Federal havia determinado que a revisão deveria ser feita de acordo com o Censo Demográfico de 2022, mantendo o número total de 513 deputados. Se a recomendação fosse seguida, sete estados que tiveram redução populacional perderiam cadeiras na Câmara, e outros sete estados que tiveram a população ampliada ganhariam vagas.
Alegando que teriam que adequar o número de representantes devido ao acréscimo populacional nos estados, os congressistas entenderam que teriam que simplesmente aumentar o número de deputados federais já a partir da legislatura de 2027.
Ocorre que, em alguns estados onde houve diminuição populacional(pela proporcionalidade deveriam perder deputados), eles decidiram também que não haverá diminuição de representantes, ou seja, puro casuísmo sem se preocupar com os custos financeiros dessa decisão. Vale lembrar que essa decisão terá desdobramentos em cadeia, afinal deve proporcionar também o aumento do número de deputados estaduais.
Enquanto deputados e senadores pressionam o governo a cortar investimentos nas políticas sociais e obras de infraestrutura tão necessárias ao povo brasileiro, continuam a farra de emendas e o aumento de despesas com os próprios parlamentares.
“Essa decisão é um deboche com os serviços públicos e com os servidores que sob o falso mantra de modernização e corte de gastos, estão sofrendo uma pressão muito grande com uma proposta de reforma administrativa que na realidade destrói o setor público e fragiliza ainda mais os servidores, enquanto o Congresso aumenta os próprios gastos”, explicou o presidente do Sindsep/MA, João Carlos Lima Martins.
O presidente Lula tem até esta quarta, 16, para sancionar, vetar ou nada fazer com o projeto aprovado pelo Congresso que eleva o número de deputados de 513 para 531, e a esperança é que o presidente não sancione essa excrecência e deixe que pelo menos o ônus dessa decisão fique para os próprios congressistas.