100 dias de obscurantismo rumo ao caos

A cada dia que passa o governo Bolsonaro aprofunda o desmonte dos serviços públicos e acelera rumo ao totalitarismo. Ao anunciar as ações de 100 dias de governo, o presidente Bolsonaro assinou decreto que tem como objetivo extinguir os Conselhos de Controle Social abrindo caminho para a tomada de decisões unilaterais e afastar de vez a participação e fiscalização popular da administração.

 Em outra medida de extremismo e cerceamento da liberdade de expressão  o governo Bolsonaro além de praticamente acabar com a Empresa Brasileira de Comunicação –EBC, emissora pública de televisão, criada como forma de democratizar a comunicação e a produção de conteúdo no país, resolveu fundi-la com a NBR, uma TV Estatal, que tem como objetivo informar as ações do Governo Federal, ou seja reduziu a EBC em um instrumento de propaganda do governo  em um claro desrespeito aos trabalhadores e a sociedade.

“Não podemos aceitar que tudo o que foi construído ao longo desses anos em favor da sociedade e dos trabalhadores sejam destruídos dessa forma, os trabalhadores precisam atender aos chamados dos seus sindicatos e ocupar as ruas para protestar diante de tantos ataques e desmanches” disse Raimundo Pereira, presidente do Sindsep/MA.

Em outro decreto Bolsonaro extingue mais de 12.000 cargos federais sucateando ainda mais os serviços públicos. Só no ministério da Saúde serão mais de 11.000 cargos extintos, comprometendo o combate à dengue e outras doenças como febre amarela e malária. O setor de Educação também terá um montante expressivo de cargos extintos enfraquecendo ainda mais a estrutura das universidades públicas.

Já no Rio de Janeiro, o Colégio Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) em uma atitude inédita resolveu sinalizar para o governo federal a possibilidade de intervenção ao colocar na lista tríplice para ser encaminhada ao presidente para a escolha do Reitor um nome que não participou dos debates e nem participou da consulta eleitoral.

O presidente Bolsonaro já havia dito que iria mudar o processo de escolha de reitores tirando o peso da vontade acadêmica e impondo o desejo do governo. Essa medida tem como fim diminuir a capacidade de intervenção e ação do corpo acadêmico na condução e elaboração das políticas públicas nas instituições de ensino superior.

“Esse governo tem como característica o viés autoritário e de diminuição do Estado em benefício dos bancos e multinacionais e nós temos feito o contraponto a ele para garantir os direitos dos trabalhadores, serviços públicos de qualidade para todos e a soberania nacional”, disse Valter Cezar Figueiredo, Diretor da Condsef/Fenadsef e secretário de comunicação do Sindsep/MA.

 

Reforma da Previdência pode levar ao desemprego mais meio milhão de pessoas

Num país desigual como o Brasil, os benefícios da Previdência pagos aos trabalhadores rurais, idosos e aos carentes ajudam a sustentar famílias inteiras e são o esteio da economia de milhares de pequenas cidades brasileiras. A reforma da Previdência 2019 proposta pelo governo de Jair Bolsonaro, no entanto, ignora isso e pode levar a um efeito cascata que aumentaria em mais meio milhão o já elevado número de desempregados no país.

De acordo com a PEC 6/2019 apresentada pelo ministro da Fazenda, Paulo Guedes, os benefícios previdenciários passariam a ser calculados sobre a média de 100% das contribuições – o que rebaixaria o valor final – e somente após contribuir por 40 anos ao INSS o trabalhador teria direito ao valor integral. Além disso, os benefícios assistenciais, como os de Prestação Continuada (BPC), seriam desvinculados do valor do salário mínimo e não teriam garantida nem mesmo a correção monetária.

“Isso deverá produzir um importante impacto negativo na renda disponível de um grande contingente de famílias brasileiras de baixa renda”, afirma o economista Marcelo Manzano.

Estudo realizado pela Fundação Perseu Abramo (FPA) em 2.077 municípios brasileiros indica que em 1.946 deles (ou 93,7%) os valores recebidos via benefícios previdenciários superavam os repasses realizados pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM). A maior parte do dinheiro que circula nessas cidades vem das aposentadorias pagas aos idosos, aos trabalhadores rurais, aos carentes e pessoas com deficiência via BPC.

“A Associação Brasileira de Municípios realizou sua assembleia em março e os prefeitos presentes foram unânimes: a reforma da Previdência, tal como vem sendo colocada pelo governo Bolsonaro, prejudicará muito os municípios e as prefeituras, uma vez que o empobrecimento da população, bem como a queda na economia de boa parte dos municípios, principalmente os pequenos e médios, com maior incidência no Norte e Nordeste, provocará não apenas queda na arrecadação como aumento da demanda pelos serviços públicos, especialmente na assistência social”, informa o estudo da FPA.

Segundo Manzano, a redução dos valores pagos pela Previdência teria efeitos arrasadores também para o mercado de trabalho.

“Cada um ponto do crescimento do PIB no 12Brasil nos últimos 20 anos significou crescimento entre 0,5% e 1,4% do mercado de trabalho. Como nosso país tem 90 milhões de ocupados, quando o PIB cresce 1%, na pior das hipóteses (os 0,5%) significa a expansão de 450 mil empregos”, explica o economista. “Se o contrário acontece, ou seja, a redução do PIB em 1% conforme projetado, nosso país pode perder aproximadamente 450 mil ocupações por ano em decorrência do desmonte do sistema de proteção social que está em vigor no país desde a Constituição de 1988.”

O efeito multiplicador da Previdência

A Previdência não significa só gasto que pode quebrar o Brasil, ao contrário do que quer fazer crer o governo Jair Bolsonaro.

Para dar uma ideia da importância dos recursos pagos pela Previdência no desenvolvimento nacional, Manzano explica que para cada real que a União transfere aos aposentados via Regime Geral da Previdência Social (RGPS), a economia cresce 0,53 mais. Quando esse real vai para os beneficiários do BPC, que são muito pobres e imediatamente gastam esses recursos, o efeito multiplicador é da ordem de 1,78 a mais.

É como se cada real que o governo gasta com a Previdência se multiplicasse e voltasse para o mercado 1,53 reais no caso da aposentadoria paga aos trabalhadores em geral e 1,78 reais quando se trata do que é pago via BPC.

“São recursos que estimulam as atividades econômicas nos municípios. Como é um número muito grande de pessoas, isso leva a um efeito multiplicador, promovendo outras atividades e fazendo com que a economia cresça”, afirma o economista.

“Ou seja, se de fato a reforma da previdência proposta pelo governo for aprovada nos termos em que foi apresentada, deverá afetar severa e negativamente o mercado de trabalho brasileiro”, avalia Manzano.

100 dias de ataque aos trabalhadores

Esse governo não para de atacar os trabalhadores, as pessoas. Em mais uma tentativa de desqualificar os servidores públicos e a sua necessidade para o setor, o ministro da Economia Paulo Guedes – o exterminador das aposentadorias – declarou que não pretende realizar concursos públicos e que o governo irá “investir na digitalização” para substituir os servidores que estão aposentando. Esse é mais um discurso falacioso que tenta enganar a população com a teoria de que só a tecnologia pode ser a solução para serviços públicos melhores.

“Não podemos aceitar que o desejo de desmonte dos serviços públicos seja camuflado dessa forma. Entendemos a necessidade da tecnologia como aliada da administração pública, mas nunca como meio e fim”, disse Raimundo pereira, presidente do Sindsep/MA.

A população usuária tem o direito de amplo acesso aos serviços públicos e políticas públicas são elaboradas por pessoas para pessoas, principalmente em um país como o nosso em que a maior parte da população ainda não tem ou não sabe ter acesso as plataformas digitais.

Em um país continental como o Brasil e com uma grande parte da população vivendo na área rural onde a internet ainda não chegou para todos a presença física dos servidores públicos, equipes bem estruturadas, pessoal qualificado ainda faz a diferença para que o serviço seja fornecido com qualidade.

Não adianta tentar resolver o problema da “falta de recursos” com paliativos. O primeiro passo para melhorar os serviços públicos é a revogação da Emenda Constitucional (EC)95/16 que congelou os investimentos públicos por vinte anos. “ Essa Emenda Constitucional é extremamente danosa porque atinge a todos os setores da administração pública e traz consequências estruturais para os setores de educação, saúde, segurança e principalmente de infraestrutura” disse Valter Cezar Figueiredo, diretor da Condsef/Fenadsef e secretário de comunicação do Sindsep/MA

O Sindsep/MA e a Condsef/Fenadsef vão continuar atentos e mobilizados para preservar os direitos dos trabalhadores e na luta por serviços públicos de qualidade para todos, independente de qual governo esteja de plantão.

O descaso do presidente com a Educação não tem precedente

O governo Bolsonaro mostra mais uma vez que não tem compromisso algum com o desenvolvimento do país. Mostrando total desrespeito ao setor educacional, primeiro nomeou um colombiano sem capacidade técnica e de gestão para comandar o ministério da Educação. Agora, após três meses de total inoperância na pasta e sofrendo protestos de todos os setores, Bolsonaro o exonerou do cargo e nomeou seu lugar na última segunda-feira outro jabuti, o olavista Abraham Weintraub.

O novo ministro da Educação tem como única “qualidade” para o cargo o fato de ser da linha de frente contra os pensadores de esquerda e seus seguidores.

Durante a campanha presidencial ano passado, ele declarou em palestra para a 1ª Cúpula Conservadora das Américas que somente a caça aos comunistas poderia vencer o marxismo. Durante o evento disse ainda que o comunismo é um vírus alastrador e o Brasil conservador cristão é o responsável por conter a ameaça.

Abraham Weintraub chega em um momento crítico para a Educação, que está há três meses com atividades paradas e testemunhou cortes relevantes nos últimos tempos, a começar pela Emenda Constitucional 95, que congela investimentos públicos por 20 anos. Em março, Bolsonaro publicou decreto que extingue 13,7 mil cargos públicos nas universidades e colabora com o plano de desmonte estatal colocado em prática pelo governo.

“ A estratégia do governo é sucatear as universidades federais para ampliar e acelerar as privatizações também no setor de educação. Nós não iremos nos calar e vamos ocupar as ruas em defesa de educação pública e de qualidade para todos”, disse Raimundo Pereira, presidente do Sindsep/MA.

O que vem ocorrendo principalmente com os ministérios que tem cunho social é muito preocupante. Toda a cadeia de proteção aos menos favorecidos construídas ao longo dos últimos anos estão sendo desmontadas – trabalho, previdência, saúde e aqui devemos incluir também a pasta da educação, uma vez que somente através do conhecimento as pessoas menos favorecidas poderão ascender socialmente.

“A população precisa ocupar as ruas e exigir mais espeito com essas instituições tão importantes para o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. Não podemos deixar que o presidente de plantão destrua tudo o que foi arduamente conquistado” , disse Valter Cezar Figueiredo, diretor da Condsef/Fenadsef e secretário de Comunicação do Sindsep/MA.

Condsef/Fenadsef busca alternativas para diminuir mensalidades dos planos de autogestão

Preocupados com a quantidade cada vez maior de servidores que são obrigados a abandonar o plano de saúde por conta dos altos valores cobrados e que acabam por ficar sem cobertura médica quando mais precisam, a direção da Condsef/Fenadsef reuniu-se mais uma vez com o diretor presidente da Capesesp, João Paulo dos Reis, para negociar uma redução do percentual de reajuste de 23,49% que foi aplicado aos associados.

Esse é um problema grave para a maioria dos servidores públicos, uma vez que a média de idade dos servidores é muito alta e a Capsaúde alega que a sinistralidade eleva o valor das mensalidades. Com isso, os valores cobrados atualmente comprometem boa parte de seus salários.

“Essa também é uma preocupação nossa e já havíamos solicitado junto à Condsef/Fenadsef para que buscasse diálogo com os planos de autogestão para sensibilizar seus diretores da necessidade de encontramos uma solução para essa situação sob pena de diminuição de associados  e perda de viabilidade do plano”, disse Raimundo pereira, presidente do Sindsep/MA.

Alternativas

Para evitar mais evasão a Condsef/Fenadsef cobrou alternativas e ações por parte da Capsaúde que informou já ter estudos e propostas para apresentar. A Capesaúde avalia criar um modelo de plano municipal que pode reduzir custos de mensalidade. Foi lembrada ainda a necessidade de cobrar alteração nos valores pagos pelo governo entre as faixas etárias que não acompanham hoje os padrões adotados por outros planos de saúde no mercado.

Nesse caso, a faixa final de idade do plano paga até seis vezes mais o valor estipulado na faixa inicial. Como exemplo, se o governo pagasse R$100 para faixa inicial e R$130 para a final, no modelo de tabela configurado hoje, se a faixa inicial seguisse sendo R$100 a contribuição para a final deveria ser de R$600. “Trata-se de uma negociação que já estamos fazendo há algum tempo junto aos representantes do governo”, lembrou Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da Condsef/Fenadsef. “Obtivemos alguns avanços, mas nada concreto foi feito ainda para resolver essa questão. Vamos seguir pressionando e cobrando também que não só a contrapartida seja revista, como os valores da tabela por faixa etária”, explicou.

Com informações  condsef.org.br