O crescimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB), anunciado na semana passada e comemorado pelo golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP), contém dados pouco animadores. O principal deles é que a indústria registrou a sua menor participação nos índices de crescimento desde 1950. Com crescimento zero em 2017, o setor passou a responder por apenas 11,8% das riquezas produzidas no país. No início da década de 1980, respondia por mais de 20%.
Segundo o diretor da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) Igor Rocha, o câmbio valorizado, as altas taxas de juros e a falta de uma política industrial impedem que o país dispute o mercado para produtos industriais no exterior. Além disso, o aumento das importações, principalmente de produtos asiáticos, fragilizou ainda mais a indústria nacional.
Ele diz que é normal que países em desenvolvimento com renda média que buscam fazer a transição para renda elevada percam participação na indústria, com ampliação no setor de serviços, como nos países mais ricos.
“O que aconteceu no Brasil foi que a gente teve uma desindustrialização precoce. Esse processo de perda do setor industrial se iniciou antes de fazer a transição para um país de renda alta”, explicou à repórter Michelle Gomes, para o Seu Jornal, da TVT.
Para o presidente do Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento (TID-Brasil), Rafael Marques, o problema é a mentalidade do empresário, que enxerga o mercado asiático apenas como fornecedor de produtos a serem vendidos aqui, quando países como a China também representam oportunidades, com grande mercado consumidor a ser explorado ainda pelos brasileiros.
“O empresariado brasileiro, quando olha para a China, olha querendo comprar. Vai ter que comprar, mas tem que vender para a China também. Nós queremos que o Brasil se reconecte com as grandes mudanças do mundo. E que, nessas grandes mudanças, nossa indústria esteja presente e liderando”, diz Rafael, lembrando que o Brasil já teve o sexto maior parque industrial do mundo.
Fonte: CUT